A FILOSOFIA DE STREET FIGHTER 2 VICTORY:
SÓ UM DESENHO BASEADO EM JOGO OU ALGO MAIS?
Fala aê cambada!!!!! Como vocês estão? Espero que estejam todos bem.
Bem, o post da vez é baseado em uma experiência que tive com um anime da década de 90: Street Fighter 2 Victory. Para mim é um dos melhores animes até hoje. Tenho todos os episódios em casa e assisto de vez em quando. Digo "experiência que eu tive", pois quando comecei a assistir tive uma visão um pouco diferente sobre ele. É claro que como todo garoto de 12 ou 13 anos, na época eu também gostava de porradaria, lutas, golpes de artes marciais, filmes chineses e outras coisas mas não sabia que assistindo esse anime a minha maneira de pensar mudaria drasticamente e ajudaria a me moldar para ser quem eu sou hoje.
Assustador né?
Mas vamos ao que importa.
Estava eu sentado, assistindo televisão, quando vi o anúncio de Street Fighter 2 Victory no SBT. Lógico, eu me amarrava em jogar Street Fighter nos fliperamas e pensei: "Porra, deve ser maneiro!!!!!
Róóóóryúúguem!!!!!!!"
Róóóóryúúguem!!!!!!!"
Na mesma hora peguei uma boneca da minha irmã, joguei para o alto, dei um bico e gritei: "POTÉQUI-TÉQUI-TÚRUGUEM!!!!!"
Fiquei ansioso, doido para acabar os benditos comerciais para apreciar essa maravilha da arte japonesa. Quando o anime começou, fiquei embasbacado com a qualidade do mesmo. Era muito bem feito e até hoje o considero melhor que muito anime merda por aí. Mas o que me cativou não foram só os detalhes do desenho e sim a sua trama, principalmente falando de um dos personagens principais: Ryu.
Essa é a dupla mais conhecida no mundo: Ryu Hoshi (esquerda) e Ken Masters (direita). No primeiro episódio vemos que Ryu e Ken não são nada além de uns briguentos, tipo pit-boys, gostam de dar porrada nos outros para mostrarem que são bons de briga e tudo mais. Eles literalmente se achavam os fodões, os reis da cocada preta.
Se achavam, até que eles entram em um bar, surram uns caras e quem aparece para tirar satisfações? Ele mesmo, Sargento Guile da força aérea.
E antes que vocês me corrijam, Guile nesse anime era sargento mesmo, pois Street Fighter Victory se passa na adolescência de Ryu e Ken. Ou seja, antes dele ser Major.
Ryu toma uma surra federal com direito a tudo. No dia seguinte é Ken que leva a coça da vez. Podem conferir as lutas aqui e aqui. Me desculpem mas a luta do Ken está em espanhol. Mas o que vale é a porradaria!!!
Depois desse massacre, eles entendem que não são tão "fodões" assim e que existem muitos outros lutadores pelo mundo, tão fortes e até mais forte do que eles.
Quando começaram sua jornada, Ryu e Ken passaram por vários países como China, Tailândia, Índia e outros. Mas tanto a vida de Ryu e Ken, quanto a minha, mudariam na visita à China. Ryu Conhece um velhinho, mestre de kung-fu em um shopping. Esse velho está passando mal, Ryu o leva para fora e lá o antigo mestre revela um incrível poder. O nome dele era mestre Yo Senkai.
O mestre leva Ryu para sua casa, o ensina algumas técnicas e lhe fala sobre o Hadouko. Hadouko era uma técnica que o mestre utilizava para curar seu próprio corpo de muitas enfermidades vindas com a idade avançada. A busca de Ryu muda para o conhecimento dessa técnica secreta. Então vemos o foco de Ryu ser o desenvolvimento do Hadouko.
Esse tal de Hadouko me intrigou desde o início. Comecei a acompanhar a série pelo fato de Ryu estar sempre tentando não só desenvolvê-lo mas também aprimorá-lo. Como se fosse um objetivo supremo o qual ele deveria alcançar.
Terminava o episódio e eu ficava a semana inteira meditando sobre o Hadouko (Street Fighter Victory só passava aos sábados). Não meditava com a idéia de querer soltar magias por aí e sim de ter um objetivo para almejar na vida. Eu via Ryu nunca desistir de tentar alcançar a meta estabelecida por ele mesmo, sem medir esforços, buscando cada vez mais. Comecei a entender que tirar notas boas na escola, tentar sempre ser o melhor no que faz, se empenhar ao máximo, esses eram os Hadoukos da vida real.
Outro fato é que depois disso tudo, mesmo sendo forte, Ryu se mantinha na simplicidade, tanto de pensamentos como de ações. Me mostrou então que mesmo que eu atingisse minhas metas, me tornando cada vez melhor, precisava me manter humilde perante tudo. Simples assim mas dificílimo ao mesmo tempo.
Olhando nos primeiros episódios e os que estão mais a frente, vemos um Ryu e Ken muito diferentes. Não briguentos mas verdadeiros praticantes de artes marciais, disciplinados, confiantes e simplistas. Bem, o Ken tentava mas sendo podre de rico fica difícil, já para o Ryu era mais fácil. Podre de pobre. Vemos isso claramente pois Ken usa um gui (nome da roupa para a prática do karate) vermelho e bem arrumado mesmo sem as mangas. Já o de Ryu era todo esculhambado, fudidão mesmo. Mas o que vale é o bom caráter e isso tanto Ryu quanto Ken têm de sobra. Não no início da série, é óbvio, mais adiante no decorrer dela.
No episódio em que eles viajam até a Índia, Dhalsim os chama de "feras" pois eles iriam partir para a briga com uns bandidos armados e não prestaram atenção nas pessoas inocentes que estavam ao redor.
Aprendi com isso que é preciso avaliar toda uma situação antes de tomar qualquer decisão. Às vezes a "não ação" também é necessária. Sem isso, só nos atirando de cabeça em tudo, por impulso, somos apenas "feras" mesmo.
Pra dizer a verdade, a visita a Índia foi muito instrutiva. Dhalsin é uma cara muito centrado, calmo mas que demostra que sabe agir na hora certa e com eficiência. Ryu e Ken quando entram na Caverna do demônio, Dhalsin os avisa da seguinte forma: "- Lembrem-se que a caverna é um espelho que reflete o que existe em suas mentes, estejam cientes de que encarar a própria mente é uma coisa horrível." Eles pensam que estão lutando contra um demônio mas na verdade, lutam um contra o outro sem saberem. Quando descobrem, quase que tarde demais, a ilusão contida na caverna se desfaz e os dois conseguem sair de lá quase que mortos devido ao combate.
No nosso cotidiano também é assim. Quantas vezes enfrentamos problemas que parecem não ter solução e começamos a nos desesperar, tomar atitudes erradas que só nos prejudicam mais e mais, quando na verdade a solução é mais simples do que imaginamos? Quantas vezes não queríamos um "Dhalsin" conosco para nos ajudar a sair da nossa "Caverna do Demônio"? A lição aprendida é que não basta só a vontade de vencer um desafio e sim encará-lo com consciência.
Não me esquecendo também, antes da luta na caverna, Dhalsin mostra para Ryu e Ken a entrada da caverna, diz que nela possui tesouros inigualáveis. Ken pergunta que já que tem tanto ouro assim por que não colocam alguém para vigiar. Dhalsin diz que não é preciso pois todos os moradores da vila sabem que nessa caverna vive um demônio. O único pedido que Dhalsin faz aos dois é que não entrem na caverna sob hipótese alguma, logo após Dhalsin deixá-los, Ryu fala para Ken: "- Não sendo o Hadouko não interessa para gente!"
Nessa circunstância, Ryu nos mostra que mesmo sob todas as tentações, caminhos supostamente "fáceis" para crescer na vida, não devemos perder o nosso foco principal, nossa meta de vida. Talvez essa caminho pode não ser tão fácil como parece. Às vezes é uma cilada para que nos percamos e para se achar o caminho de volta à meta almejada se torna muito difícil e complicado mas claro, nunca impossível.
Depois de todo o desenrolar da trama, Ryu e Ken vencem o general M. Bison, chefe da organização criminosa Shadaloo, parecendo que tudo termina bem mas não para Ryu.....
No final do último episódio, Ryu está de partida e Ken pergunta para onde ele vai e ele diz que está sem rumo, vai para qualquer lugar e que quer refletir sobre a energia Hadouko. Eles agora tem um novo poder e ele quer usá-lo direito. Também comenta com seu amigo Ken que o poder deles não difere muito do de Bison.
Esse questionamento de Ryu me tocou profundamente, entendi sobre sua dúvida, pois muitas pessoas quando detêm um grande poder (financeiro, status dentro de uma empresa, etc), as vezes podem massacrar, perseguir e maltratar pessoas que se encontram abaixo delas. Esse é um deslize que devemos batalhar constantemente, para não cometermos.
E não podemos esquecer dos amigos, os verdadeiros amigos, que nos apoiaram e deram força para que conseguíssemos alcançar o nosso Hadouko pessoal, aquele Hadouko que cabe somente a cada um de nós chegarmos até ele, com muita luta e perseverança.
Nunca perder a esperança é o ponto chave do que eu aprendi vendo esse anime. Tentar nunca pensar negativamente sobre os problemas que surgem a cada dia que se passa e lembrar que um problema é diferente do outro mas que o aprendizado que cada um nos oferece é grandioso.
As vezes um "convite" pode nos render mais do que uma simples viagem para divertimento. Pode ser a sua oportunidade para uma viagem não só física mas para o próprio crescimento espiritual mudando totalmente o seu ser. Cada escolha que fizermos determinará nosso percurso nessa viagem, para melhor ou pior. Só cabe a cada um de nós essas decisões.
A felicidade chegará no seu devido tempo. Não tente se apressar pois paciência tem que ser uma virtude até dos mais fortes e formidáveis guerreiros. Lembrem-se sobre os falsos atalhos e "Cavernas do Demônio"que a vida nos oferece.
Bem galera, esse não foi um post tão engraçado como costuma ser, foi mais uma reflexão de como até mesmo um desenho pode nos trazer algo tão importante como a realização pessoal de alcançar um desafio e dar o melhor de si para aperfeiçoá-lo cada vez mais.
Indico que assitam esse anime, muitos sites de torrents o possuem completo. Eu gostei muito da versão dublada, a dublagem estava ótima. Mas tem na internet em japonês com legenda em português.
Sei que eu sempre termino a postagem com a célebre frase de Yusuke Urameshi do anime Yu Yu Hakusho "NÃO CONHECI O OUTRO MUNDO POR QUERER", mas para parabenizar esse anime que tanto me ensinou nessa vida, termino então com a frase de encerramento que era dita a cada final de episódio:
NÓS VAMOS AO ENCONTRO DO MAIS FORTE!!!!!!!!!!!
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